quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Os Primeiros habitantes da região de Cataguases



Ainda nos dias de hoje, em no município é comum ouvir muitas pessoas afirmarem que alguns de seus antepassados de origem indígena foram pegos a laço e presos a dente de cachorro. Talvez esta história seja mesmo verdade, pois capturar índios, lançando-os ou perseguindo-os com cães especialmente treinados e alimentados com carne de outros indígenas assassinados era prática comumente usada pelos colonizadores brancos da região.
Nas primeiras décadas do século XIX, encontravam-se aqui tribos indígenas dos croatos,cropós, puris e botocudos. Nômades, esses índios vieram do litoral fluminense, da região dos Campos dos Goitacazes (atual cidade de Campos, no Estado do Rio de Janeiro), através do Rio Paraíba do Sul e seus afluentes, rios Pomba e Muriaé. Nessa época, o rio Pomba era mais volumoso que hoje e navegável por canoas.
Os índios puris eram pequenos, fortes e usavam cabelos compridos. Foram os últimos a ser colonizados e isto só aconteceu devido à ação de Guido Marlière. Os botocudos, mais popularmente conhecidos, usavam botoques labiais e auriculares. Eram muito temidos pelos brancos e pelas outras tribos indígenas. Os coroados receberam este nome dos brancos por causa do corte dos seus cabelos, que parecia imitar uma coroa. Eram baixos e fortes. Os coropós, bastante semelhantes fisicamente aos coroados, não usavam o mesmo corte de cabelo.
A divisão social do trabalho desses grupos calcava-se nos princípios de sexo e idade. A organização econômica baseava-se na caça e pesca - atividades tipicamente masculinas - e na coleta, exercida pelas mulheres. Com a sedentarização, forçada pelos administradores, foi-lhes imposto a agricultura: os homens faziam a derrubada, preparavam a terra e plantavam, atividade esta dividida com as mulheres, que se responsabilizavam pela colheita.
Ao entrar em contato com os brancos, os índios começaram a ser dizimados pelas guerras e doenças contagiosas como a varíola, tuberculose, sarampo e sífilis. Cada vez mais reduzidos, os bandos procuravam contatos pacíficos, entregando-se ao aldeamento como forma de garantir a sua sobrevivência, ameaçada pelos choques com os colonizadores e com outros grupos indígenas, em funçao da redução e da perda dos territórios.
Os casamentos mistos eram estimulados de forma a contemplar o processo de integração. O próprio Guido Marlière, em 1826, enviou circulares aos vigários de vilas ou cidades orientando-os sobre esses tipos de casamentos interétnicos. A grande justificativa era incorporá-los aos fundamentos da "instituição da família".
Muitos elementos transformadores foram introduzidos pelos casamentos monogâmicos e pela sedentarização forçada do grupo, acelerando, assim, a descaracterização tribal.
A partir de 1830, intensificou-se o uso do trabalho dos índios na extração da poaia, na agricultura, na construção de estradas, nos serviços militares e domésticos, principalmente após a demissão de Marlière pelo governador José de Souza Guimarães, que não concordava com a sua administração no tocante às tentativas de preservação das terras dos aldeamentos e de limitação dos casos de escravidão.
Após tantas perseguições e massacres, essas populações indígenas não resistiram à ambição do homem branco, de forma que, ao findar o século XIX, já era difícil encontrá-los na região.

Gilmar Moreira Gonçalves
Professor de História da rede municipal de ensino

Odete Valverde O. Almeida
Professora de História na FIC- Faculdades Integradas Cataguases

Este texto foi estudado pelos estudantes do 6º ano com a professora de história, Leíse Furtado Campos.

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